terça-feira, 14 de junho de 2011

Crônicas do Facebook - Internetando o gerúndio

Internetando o gerúndio - por Galdino Mesquita

Virou uma praga. “Vou estar verificando ou iremos estar anotando” ou pior: “a gente vamos estar se divertindo...”. São expressões comuns faladas nos “telemarketing & call center” da vida. Infelizmente, dói aos ouvidos quando a coisa é dita na mídia. Empregar o gerúndio (a flexão do verbo com NDO) após outro verbo no infinitivo (a forma infinita, terminada com r) é estrangeirismo ou anglicismo da língua falada nos Estados Unidos. “I’ll be writing" ou "eu vou estar escrevendo”, sacou?

A mania foi traduzida literalmente dos manuais americanos, dessas mesmas empresas que estão infernizando (epa) nossas vidas e entrando (epa) nas casas sem pedir licença. Dois detalhes: “estão infernizando e entrando” são formas perfeitas do uso correto e formal da Língua Portuguesa.

Tão preconceituosa quanto inculta é a reação daqueles que estão condenando o gerúndio a qualquer pretexto. Muitas pessoas estão reagindo (e errando) quando julgam precipitadamente a pessoa que usa o gerúndio. O gerundismo é barbarismo. Já o gerúndio faz parte da última flor do Lácio, culta e bela.

Antes de condenar alguém que usa o nosso belo gerúndio, procure saber se está correto ou trata-se de endorréia (o uso de muitos verbos juntos). A aberração é “vamos estar apresentando”. O certo e melhor é afirmar “vamos apresentar” ou "apresentaremos”.

O gerúndio é a forma nominal dos verbos com a terminação NDO. Equivale a um advérbio ou adjetivo: “a pele ardendo... o amor fazendo...”. Portanto, continue falando e escrevendo “estava trabalhando... fico pensando... estarei amando...”.



Galdino Mesquita é jornalista, roteirista e produtor de TV, professor de redação e jornalismo com especialização em Educação Ambiental.

galdinomesquita@globo.com

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